Conheça a Bolívia por outra perspectiva


Com o destino já definido para nossa viagem, começamos as pesquisas sobre o que fazer e como chegar a Bolívia. Encontramos vários blogs e vídeos que falavam sobre viagens, curiosidades e algumas dicas. De certa forma foi tudo muito útil, mas alguns detalhes foram esquecidos pelos viajantes, e esses se mostraram muito importantes para que a viagem ocorresse de uma maneira mais tranquila e organizada. 




A viagem começou em Ponta Porã – MS, seguimos de carro até Corumbá – MS, cidade que faz fronteira com a Bolívia. Quando chegamos lá, já sabendo que iríamos enfrentar filas na migração, decidimos realizar a saída do Brasil na Polícia Federal. No dia em que chegamos a Corumbá, deixando para o outro dia, apenas dar entrada na Bolívia na migração que fica bem próximo da fronteira, podendo seguir a pé. As filas tanto para saída quanto para entrada, duram em média duas horas e é preciso tomar cuidado com os horários de trem e ônibus por conta disso. É preciso também pegar um táxi para chegar até a estação de trem em Puerto Quijaro que fica em torno de 15 a 20 reais.

(Vida selvagem em Mato Grosso do Sul)


  • INICIANDO NOSSA AVENTURA:

Optamos por realizar a ida para Santa Cruz de trem, no famoso Trem da morte. Existem três opções de trem, indo do mais básico ao mais confortável. O que escolhemos foi o expresso oriente que sai todas as quintas feiras  às 13h. As passagens de trem compramos online pelo www.ticketsbolivia.com.bo , site bem seguro e confiável, o valor do trem foi de 10,60 dólares. A viagem durou em torno de 18 horas e como o objetivo era economizar, levamos comida e água. Durante a viagem entram pessoas vendendo comida e existe uma cozinha no trem que também serve alimentos durante um período. A higiene na Bolívia é bem precária, então todo cuidado com a alimentação é bom.

Chegando a Santa Cruz, tínhamos como objetivo sair de lá o mais rápido possível, para chegar em La Paz o quanto antes. Santa Cruz não é uma cidade muito turística, não espere ser bem atendido na rodoviária, pois as pessoas lá não se importam muito com turistas. Existe uma disputa por passageiros entre as empresas de ônibus, parece um grande leilão. Conseguimos achar uma empresa que iria até La Paz. As paradas durante a viagem, que durou mais 18 horas, foram feitas em locais precários. O ônibus custou 150 bolivianos ou 75 reais e só conseguimos chegar em La Paz no sábado por volta das sete horas da manhã. Isso quebrou nossos planos, porque os passeios sempre são agendados no dia anterior. Outra dica importante, ESQUEÇA cartão de crédito na Bolívia, na maioria dos locais só aceitam dinheiro em espécie. Trocamos os reais por bolivianos na rodoviária de Santa Cruz mesmo. A troca foi realizada com um senhor que fica na frente da rodoviária, talvez não seja o jeito mais seguro, mas com sorte não pegamos nenhuma nota falsa. 



Santa Cruz é uma cidade muito quente, mas leve sempre uma blusa de frio se o seu destino for La Paz. Lá faz muito frio, mesmo no alto verão e foi o que percebemos assim que chegamos. Outro fator que pode incomodar é a altitude. La Paz, na parte da cidade alta fica a 3.400 metros do nível do mar, então dores de cabeça, ânsia de vomito, tontura e cansaço são sintomas normais até se acostumar com a altitude e falta de oxigênio. O indicado sempre é o chá de coca ou até mesmo mascar a folha que em qualquer lugar você consegue achar, ajuda bem, mas a adaptação pode demorar.

Nossa hospedagem em La Paz foi feita pelo AirBnb, ótimo site de hospedagem, e nosso anfitrião foi o Maurício (+591 71904900 WhatsApp), dono da casa que ficamos por lá. A diária na casa dele nos custou 25 reais por dia, em que o quarto e as acomodações são excelentes.


 Maurício nos apresentou a cidade no primeiro dia. O centro de La Paz é muito interessante, lá você encontra uma rica diversidade de artesanato, antiguidades, roupas típicas (aquelas feitas com lã de lhama ou alpaca), os preços desses produtos variam, a dica é pedir um desconto que eles sempre cedem e acabam abaixando os preços. 






Outro lugar interessante para conhecer é a Calle de las brujas, como o nome diz, é a rua das bruxas, com várias lojinhas vendendo artigos para rituais como fetos de lhama empalhados ou secos.



Visitamos o museu de São Francisco, ele fica no centro também, a entrada custa 20 bolivianos. É um local bem histórico e de grande importância para os bolivianos, vale a pena dar uma conferida. Maurício deu ótimas dicas de passeios, inclusive ele é guia e realiza passeios como o Down Hill de bike na estrada da morte, excelente profissional, e fizemos esse passeio com ele. Foi extremamente cansativo, mas vale muito a pena fazer, só tomar cuidado e não abusar da velocidade que tudo ocorre bem. A paisagem é incrível.

Museu de São Francisco

  • A ESTRADA DA MORTE: UMA DAS MAIS PERIGOSAS DO MUNDO

O Down hill na Estrada da Morte é um passeio bem interessante, pessoas do mundo inteiro vão para lá para fazer esse percurso, é bem radical.  Claro que o risco está em toda parte, é preciso ter bastante atenção, um deslize e uma queda geralmente são fatais. 

 Nosso guia explicou que é muito comum acidentes na estrada, mas se for cuidadoso, sem pressa e curtir, você ira apreciar uma vista linda e um passeio maravilhoso. Os preços de cada passeio são bem negociáveis por lá. Esse, nós pagamos 1000 bolivianos (incluindo um café, lanches e almoço). Claro que pode se conseguir preços mais em conta, mas alguns usam um trajeto diferente, que passa pela estrada asfaltada por um trecho grande, ou tem a segurança duvidosa, então pesquisar é o mais interessante.





  • A SUBIDA A HUAYNA POTOSI:

No sábado mesmo fomos a uma agência de turismo que nos mostrou um passeio interessante, escalada no Huayna Potosi, uma montanha com um glacial. Uma opção de três dias com acampamento na montanha custaria 1000 bolivianos (500 reais) e a outra opção era um dia de escalada 350 bolivianos, com almoço no acampamento da agência que fica no pé da montanha (muito bom por sinal). Ficou combinado para subirmos a montanha na segunda-feira, então chegamos a agência e de lá seguimos com uma van até um local aonde pegaríamos o material. Foi uma experiência inesquecível, claro que é um passeio muito puxado, precisa estar em boa forma e ter certa experiência em montanhismo e escalada. Na agência eles venderão o passeio para qualquer um que aparecer, porém não se iluda, é um passeio extremamente cansativo e cheio de risco, além do frio. No cume da montanha chegou a fazer -15º graus abaixo de zero e outro fator que pode influenciar negativamente é o período de adaptação, pois a altitude na montanha chega a 6.800 metros. Os guias falam que o mínimo de dias para adaptação são sete dias, então já dá pra imaginar como sofremos. Subimos a montanha no nosso segundo dia em La Paz.







  • UM POUCO MAIS SOBRE LA PAZ:



La Paz recebe pessoas do mundo inteiro, quando você passeia pela cidade vai ter a oportunidade de encontrar gente falando em todos os idiomas. Existem muitas opções de Pubs para se divertir, tomar uma cerveja e almoçar bem. Almoçamos em um desses Pubs, chamado English Pub, o local é ótimo e o preço das refeições ficam em média 30 reais. Não vá com pressa, o atendimento pode demorar, temos que lembrar que estamos em outro país com uma cultura diferente da nossa.

Uma dica que acho válida é de que você não precisa levar enormes quantidades de blusas, porque pode comprar algumas lá por preços impressionantemente baratos.

Andar por La Paz não é difícil, é uma cidade aparentemente segura, claro que sempre tem lugares a serem evitados como no mundo inteiro. Os táxis são uma boa opção, se você fala o espanhol fica ainda mais tranquilo. Optamos por uma locomoção ainda mais barata que é o mini bus, uma espécie de van que circula pela cidade. Cada um dos mini bus é identificado por um número que é referente ao local de destino, custa 2 bolivianos e você percorre trechos muito longos, é realmente barato. No centro tem uma espécie de parada desses veículos e quando você está pelos bairros, basta sinalizar que eles encostam. Outra coisa importante e que irá ajudar: compre um chip boliviano, com 10 reais você compra um com acesso a internet e uma quantidade legal de dados para utilizar, certifique-se antes se o seu celular é desbloqueado para isso.



  • O TÉRMINO DE UMA EXPERIÊNCIA INESQUECÍVEL:

Não conseguimos realizar todos os passeios que tínhamos planejado, tanto por falta de tempo quanto por falta de grana, mas descobrimos opções mais baratas para realizar esses passeios, que ficarão para uma próxima vez.

Em um determinado momento quando estávamos a caminho da rodoviária para comprar a passagem de volta para Santa Cruz, conversando com o taxista, ele nos informou que fazia passeios turísticos, com preços bem em conta, o nome dele é Marcelo (+591 60660213), uma pessoa muito prestativa. Ele nos levou até a agência e ainda nos aguardou realizar a compra. A agência se chama Amazonas e é uma ótima opção para viajar mais rápido pela Bolívia. Quando chegamos ao nosso destino, já com as passagens compradas, ou seja, no centro de La Paz, Marcelo ainda nos mostrou alguns lugares para almoçar e comprar alguns presentes. Quando fui pagar e já acertar com ele de nos buscar para levar ao aeroporto no outro dia, ele deixou para que acertássemos tudo no dia seguinte mesmo, claro que ficamos impressionados com a confiança dele!




No outro dia em horário combinado ele apareceu em nossa hospedagem e nos levou ao aeroporto, lá o preço cobrado por ele foi muito barato, considerando todo o trajeto que tinha feito no dia anterior e naquele mesmo dia. Foi de 75 reais.

Uma hora de voo depois estávamos novamente em Santa Cruz, na mesma rodoviária do início da viagem para achar um ônibus para Puerto Quijaro. Dessa vez acertamos e indico a empresa, ela se chama 23 de Marzo, ônibus novos, leito e com ar-condicionado. O preço da passagem ficou em 80 reais.


Claro que não poderíamos passar com essa parte da viagem em branco, então no meio do caminho durante a noite o motorista do ônibus arrumou briga com um caminhoneiro, os dois pararam na estrada e começaram a trocar socos. Logo chegou a polícia e levou os dois presos. Nós ficamos trancados no ônibus, no meio do nada durante a noite, sem saber se seguiríamos viagem ou não. Passado uma hora e pouco, o motorista aparece e seguimos viagem tranquilamente, coisas da Bolívia.

Chegando em Puerto Quijaro, não existe uma rodoviária, os ônibus param em um local combinado e dali para a migração precisa pegar um táxi, esse nos cobrou 15 reais. De volta na migração mais duas horas para dar saída da Bolívia e mais duas horas para dar entrada no Brasil.

Essa foi nossa viagem pela Bolívia. Tentamos deixar o máximo de informações para facilitar a viagem de quem pretende ir para lá. É uma viagem linda e inesquecível! Um povo de uma cultura única, opções de passeios desde os mais radicais até os mais tranquilos, então existem opções para todos os tipos de turistas. Vá para lá com a mente aberta e pronto para conhecer o novo e diferente.

Uma matéria de Kariston Eger dos Santos, leitor do Viajar&Mochilar.

       Participação especial na trip: Marlon Monteiro e Edilson Aquino.





Viajar e Mochilar

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